Projeto de Lei Busca Excluir IBS e CBS da Base de Cálculo de Outros Tributos e Evitar Aumento da Carga Tributária

Um novo projeto de lei apresentado pelo deputado federal Gilson Marques pretende modificar pontos da regulamentação da reforma tributária para evitar que os novos tributos criados, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), sejam incluídos na base de cálculo de outros impostos. A proposta tem como principal objetivo impedir que a mudança no sistema tributário gere um aumento da carga para empresas e contribuintes, garantindo maior segurança jurídica e simplificação no recolhimento de tributos.

Caso seja aprovado, o projeto de lei excluiria expressamente o IBS e a CBS da base de cálculo de tributos como:

• Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)

• Imposto Sobre Serviços (ISS)

• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

A proposta surge em meio às discussões sobre a implementação da reforma tributária aprovada pela Emenda Constitucional nº 132/2023, cuja transição para o novo sistema está prevista para ocorrer entre 2026 e 2032.

Impactos da Medida e Necessidade de Maior Clareza na Regulamentação

O texto do projeto de lei busca esclarecer pontos que não foram detalhados na Lei Complementar nº 214/2025, que regulamenta a reforma tributária. Especialistas apontam que a falta de uma regra expressa sobre a exclusão do IBS e da CBS da base de cálculo do ICMS e do IPI pode gerar diferentes interpretações e, consequentemente, uma onda de disputas judiciais entre contribuintes e a Receita Federal.

Atualmente, a própria Emenda Constitucional nº 132/2023 já estabelece que o IBS e a CBS não podem compor sua própria base de cálculo, nem a de tributos como ISS, PIS e Cofins. No entanto, a ausência de uma previsão específica sobre sua exclusão da base do ICMS e do IPI pode abrir margem para questionamentos, gerando insegurança para empresas e impactando a arrecadação dos estados.

De acordo com advogados tributaristas, a proposta pode reduzir litígios e prevenir uma nova controvérsia tributária semelhante à da chamada “tese do século”, julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que excluiu o ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins, resultando em um impacto bilionário para os cofres públicos.

Mudanças na Lei Kandir e Possíveis Reações dos Estados e Municípios

Além de excluir o IBS e a CBS da base de cálculo do ICMS e do IPI, o projeto de lei também propõe alterações na Lei Kandir. Essa legislação, que regula o ICMS no país, determina que todos os tributos incidentes sobre uma operação devem compor a base de cálculo do imposto estadual. Caso a proposta seja aprovada, a Lei Kandir passaria a prever expressamente que os novos tributos não poderão ser incluídos nesse cálculo.

A medida deve receber apoio do setor empresarial, que teme um aumento da carga tributária no período de transição para o novo sistema. Empresas e associações do setor produtivo argumentam que a falta de clareza na regulamentação da reforma pode levar a uma tributação excessiva, prejudicando o ambiente de negócios e comprometendo a competitividade das companhias brasileiras.

No entanto, a proposta pode enfrentar resistência por parte dos estados e municípios, que contam com a arrecadação do ICMS para equilibrar suas finanças. Governadores e prefeitos podem se opor à medida, argumentando que a exclusão do IBS e da CBS da base de cálculo pode impactar negativamente os repasses e comprometer o financiamento de serviços públicos essenciais.

Caminho do Projeto e Próximos Passos

O projeto de lei ainda precisa ser analisado pelas comissões temáticas da Câmara dos Deputados antes de seguir para votação no plenário. Caso aprovado, o texto será enviado ao Senado e, posteriormente, à sanção presidencial.

Diante da relevância do tema e do impacto que pode causar na arrecadação e na segurança jurídica do sistema tributário brasileiro, o debate promete ser intenso e envolver diferentes setores da economia.

Se aprovado, o projeto garantirá que a transição para o novo modelo tributário ocorra de forma mais equilibrada, evitando distorções e garantindo previsibilidade para contribuintes e investidores. Empresas e especialistas seguem acompanhando a tramitação da proposta, que pode ter um papel fundamental na definição dos rumos da reforma tributária no Brasil.